segunda-feira, 2 de novembro de 2009

TP4 – LEITURA E PROCESSOS DE ESCRITA - OFICINA 7 - PARTE II

O que é Letramento?


Kate M. Chong


Letramento não é um gancho

em que se pendura cada som enunciado,

não é treinamento repetitivo

de uma habilidade,

nem um martelo

quebrando blocos de gramática.

Letramento é diversão é

leitura à luz de vela, ou lá fora,

à luz do sol.

São notícias sobre o presidente,

o tempo, os artistas da TV

e mesmo Mônica e Cebolinha

nos jornais de domingo.

É uma receita de biscoito,

uma lista de compras, recados colados na geladeira,

um bilhete de amor,

telegramas de parabéns e cartas de velhos amigos.

É viajar para países desconhecidos,

sem deixar sua cama,

é rir e chorar

com personagens heróis e grandes amigos.

É um atlas do mundo, sinais de trânsito, caças ao tesouro,

manuais, instruções, guias e orientações em bulas de remédios,

para que você não fique perdido.

Letramento é, sobretudo, um mapa do coração do homem,

um mapa de quem você é, e de tudo que você pode ser.


AVANÇANDO NA PRÁTICA – TP4 – PÁGINA 31


TEMA: Letramento

SÉRIE: 5ª série (6º ano)

TEMPO ESTIMADO: 4 aulas

JUSTIFICATIVA:
Por meio desta aula, observar o ambiente letrado através de uma caminhada pela leitura de textos - imagens, palavras, cartazes, faixas, documentos e símbolos – que nos cercam todos os dias, analisar a importância dos textos que circulam pela sociedade, e compreender que as práticas da cultura escrita transformam o nosso conhecimento.

OBJETIVOS:

- Produzir atividades de leitura e de compreensão para a preparação da escrita, considerando a cultura local como contexto das produções orais e escritas;

- Ampliar a experiência de leitura para além da sala de aula;

- Sensibilizar e estimular o aluno a observar as diferentes funções dos textos lidos;

- Trazer para dentro de sala de aula as referências de leitura existentes no cotidiano dos alunos e outras que possam ser incorporadas à sua prática.

 DESENVOLVIMENTO

"Fico a pensar: o que as escolas ensinam? Elas ensinam as ferramentas existentes ou a arte de pensar, chave para as ferramentas inexistentes? (....)Assim, diante da caixa de ferramentas, o professor tem de se perguntar: "Isso que estou ensinando é ferramenta para quê? De que forma pode ser usado? Em que aumenta a competência dos meus alunos para cada um viver a sua vida?". Se não houver resposta, pode estar certo de uma coisa: ferramenta não é.(...)

Mas há uma outra caixa, na mão esquerda, a mão do coração. Essa caixa está cheia de coisas que não servem para nada. Inúteis. Lá estão um livro de poemas da Cecília Meireles, a "Valsinha" de Chico Buarque, um cheiro de jasmim, um quadro de Monet, um vento no rosto, uma sonata de Mozart, o riso de uma criança, um saco de bolas de gude... Coisas inúteis. E, no entanto, elas nos fazem sorrir. E não é para isso que se educa? Para que nossos filhos saibam sorrir? Na próxima vez, a gente abre a caixa dos brinquedos...(Rubem Alves)
- Inicialmente saí da classe com os alunos e realizamos uma caminhada pela escola. Pedi que observassem todo o material escrito encontrado. Comentamos sobre a construção desses tipos de textos, quais elementos verbais e não-verbais podemos encontrar neles, se a pontuação está adequada ou não.

- Voltando à classe pedi que andassem por ali observando os cartazes e escritas encontradas em mochilas,estojos,camisetas, bonés, cadernos e deixassem registrado no quadro. Fizemos a leitura das palavras e discutimos os seus significados.

- Na aula seguinte realizamos a caminhada da leitura pelo bairro.Foi interessante porque os próprios alunos indicavam quais tipos de textos(imagens) eu deveria fotografar. Os alunos registraram através de desenhos as placas, faixas e letreiros para apresentação em sala de aula .













- Eles se sentiram motivados com a atividade. Em classe conectei a câmera à TV e eles puderam ver as imagens escolhidas e aí discutimos onde estes textos foram encontrados, para quem é dirigido, com qual finalidade.

- Como tarefa de casa pedi que fizessem um registro livre da atividade desenvolvida.

- Montamos um painel com os registros para compor o ambiente de letramento da classe e cada um fez questão de ler o seu.

LIÇÃO DE CASA – COMENTÁRIOS SOBRE A ATIVIDADE

Foi uma atividade significativa : os alunos não só se sentiram motivados a pesquisar e a registrar, mas também perceberam e compreenderam que estamos cercados por diferentes modos de organização da informação na escrita: no comércio, nas ruas, nos sinais de trânsito. São as formas de comunicação oral e escrita presentes no ambiente que geram o conhecimento e nos auxiliam a explicar e construir nosso modo de ser, nossa identidade.

O ensino da língua materna, realizado nessa perspectiva, não conduz o leitor à condição de mero decodificador de palavras e frases, e o escritor a um mero reprodutor de estruturas modelares de textos. O professor oferece aos seus alunos a leitura de mundo que precede a leitura da palavra; a conviver, experimentar e dominar as práticas de leitura e de escrita que circulam em nossa sociedade tão centradas na escrita quando a linguagem e a realidade se prendem dinamicamente.

É fundamental que o falante compreenda o que está à sua volta e que saiba seus significados, para que então possa se situar, interagir e perceber melhor o ambiente que o cerca. Mas o conhecimento a ele transmitido não deve ser pronto e acabado, pois o professor deve instigar, levando a classe na constante procura dos sentidos, na sua investigação; o educador concede aos alunos o suporte, o estímulo e o incentivo e estes, por sua vez, constroem seu conhecimento apoiados na base fornecida pelo professor.
O movimento do mundo à palavra e da palavra ao mundo está sempre presente.
Movimento em que a palavra dita flui do mundo através da leitura que dela
fazemos. Podemos dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida pela
leitura de mundo, mas por uma certa forma de ‘escrevê-lo’ ou de ‘reescrevê-lo’,
quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente (FREIRE, 1984,
p. 18).





















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