quarta-feira, 18 de novembro de 2009

OFICINA 12 – UNIDADES 23 E 24– TP 6 – LEITURA E PROCESSOS DE ESCRITA II

OFICINA 12 – UNIDADES 23 E 24– TP 6 – LEITURA E PROCESSOS DE ESCRITA II



O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL: REVISÃO E EDIÇÃO

LITERATURA PARA ADOLESCENTES


OBJETIVOS:

- Rever as questões principais da escrita e da reescrita de textos;

- Rever e sistematizar as informações e discussões essenciais em torno da literatura para adolescentes;

- Planejar e desenvolver atividades de leitura literária para alunos adolescentes.


PARTE I

- Rever as questões principais da escrita e da reescrita de textos.

A escrita é compreendida como uma linguagem em si que está relacionada às práticas orais e de leitura. Passa a ser vista como uma transcrição da fala apenas nos primeiros momentos de seu aprendizado e desenvolvimento e em algumas situações, como por exemplo: quando um cientista transcreve a fala de um participante da pesquisa para ser analisada e induzida num texto.

Um dos elementos chave para o desenvolvimento do escritor maduro é que descubra a função comunicativa da escrita. A escrita age sobre o leitor e é um instrumento para dirigir, informar, divertir, emocionar, persuadir o outro interlocutor e argumentar com ele.

Quando se pratica a escrita e reescrita de textos, descobrimos que o autor deve considerar a situação sociocomunicativa em que desenvolverá o texto para começar a projetar a reação do leitor.

É necessário trabalhar a escrita de um texto ao longo de uma série de aulas: iniciando por atividades de leitura e pesquisa que poderiam ajudar na escrita do texto( pré- escrita), diferentes atividades de planejamento, escrita e de revisão.As atividades devem ser motivadoras para o aluno, para que ele se sinta estimulado e envolvido nas atividades.

Além de organizar momentos de discussão e aprendizagem conjunta (construção dos andaimes- na medida em que o professor vai avaliando que o aluno está aprendendo, vai retirando a ajuda e deixando que o aluno resolva a atividade sozinho), devem-se ter regras claras para se manter um ritmo(negociar cronograma flexível com os alunos).

- A oralidade e a diversidade cultural do aluno. Como proceder

A escola recebe alunos de todos os lugares e crenças. Em um local de imensa diversidade cultural é necessário respeitar a originalidade, o modo de ser e falar de cada um; e ao mesmo tempo deixar claro que na sociedade circulam inúmeros textos e que existe uma norma padrão que deve ser seguida por todos para uma melhor comunicação e entendimento de todos.

"NÓIS MUDEMO"

Fidêncio Bogo
O ônibus da Transbrasiliana deslizava manso pela Belém-Brasília rumo a Porto Nacional. Era abril, mês das derradeiras chuvas. No céu, uma luazona enorme pra namorado nenhum botar defeito. Sob o luar generoso, o cerrado verdejante era um presépio, toda poesia e misticismo.

Mas minha alma estava profundamente amargurada. O encontro daquela tarde, a visão daquele jovem marcado pelo sofrimento, precocemente envelhecido, a crua recordação de um episódio que parecia tão banal... Tentei dormir. Inútil. Meus olhos percorriam a paisagem enluarada, mas ela nada mais era para mim que o pano de fundo de um drama estúpido e trágico.

As aulas tinham começado numa segunda-feira. Escola de periferia, classes heterogêneas, retardatários. Entre eles, uma criança crescida, quase um rapaz.

- Por que você faltou esses dias todos?

- É que nóis mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda. Risadinhas da turma.

- Não se diz "nóis mudemo", menino! A gente deve dizer: nós mudamos, tá?

-Tá, fessora!

'No recreio, as chacotas dos colegas: Oi, nóis mudemo! Até amanhã, nóis mudemo! No dia seguinte, a mesma coisa: risadinhas, cochichos, gozações.

- Pai, não vô mais pra escola!

- Oxente! Módi quê?

Ouvida a história, o pai coçou a cabeça e disse:

- Meu fio, num deixa a escola por uma bobagem dessa! Não liga pras gozações da mininada! Logo eles esquece.

Não esqueceram.

Na quarta-feira, dei pela falta do menino. Ele não apareceu no resto da semana, nem na segunda-feira seguinte. Aí me dei conta de que eu nem sabia o nome dele. Procurei no diário de classe e soube que se chamava Lúcio - Lúcio Rodrigues Barbosa. Achei o endereço. Longe, um dos últimos casebres do bairro. Fui lá, uma tarde. O rapazola tinha partido no dia anterior para a casa de um tio, no sul do Pará.

- É, professora, meu fio não aguentou as gozação da mininada. Eu tentei fazê ele continua, mas não teve jeito. Ele tava chatiado demais. Bosta de vida! Eu devia di té ficado na fazenda côa famia. Na cidade nóis não tem veis. Nóis fala tudo errado.

Inexperiente, confusa, sem saber o que dizer, engoli em seco e me despedi.

O episódio ocorrera há dezessete anos e tinha caído em total esquecimento, ao menos de minha parte.

Uma tarde, num povoado à beira da Belém-Brasília, eu ia pegar o ônibus, quando alguém me chamou. Olhei e vi, acenando para mim, um rapaz pobremente vestido, magro, com aparência doentia.

- O que é, moço?

- A senhora não se lembra de mim, fessora?

Olhei para ele, dei tratos à bola. Reconstituí num momento meus longos anos de sacerdócio, digo, de magistério. Tudo escuro.

- Não me lembro não, moço. Você me conhece? De onde? Foi meu aluno? Como se chama?

Para tantas perguntas, uma resposta lacônica:

- Eu sou "Nóis mudemo”, lembra?

Comecei a tremer.

- Sim, moço. Agora lembro, Como era mesmo seu nome?

- Lúcio - Lúcio Rodrigues Barbosa.

- O que aconteceu com você?

- O que aconteceu ? Ah! fessora! É mais fácil dizê o que não aconteceu . Comi o pão que o diabo amasso. E êta diabo bom de padaria! Fui garimpeiro, fui bóia fria, um "gato" me arrecadou e levou num caminhão pruma fazenda no meio da mata. Lá trabaiei como escravo, passei fome, fui baleado quando consegui fugi. Peguei tudo quanto é doença. Até na cadeia já fui para. Nóis ignorante às veis fais coisa sem querê fazé. A escola fais uma farta danada. Eu não devia de té saído daquele jeito, fessora, mas não aguentei as gozação da turma. Eu vi logo que nunca ia consegui fala direito. Ainda hoje não sei.

- Meu Deus!

Aquela revelação me virou pelo avesso. Foi demais para mim. Descontrolada comecei a soluçar convulsivamente. Como eu podia ter sido tão burra e má? E abracei o rapaz, o que restava do rapaz, que me olhava atarantado.

O ônibus buzinou com insistência.

- O rapaz afastou-me de si suavemente.

- Chora não, fessora! A senhora não tem curpa.

Como? Eu não tenho culpa? Deus do céu!

Entrei no ônibus apinhado. Cem olhos eram cem flechas vingadoras apontadas para mim. O ônibus partiu. Pensei na minha sala de aula. Eu era uma assassina a caminho da guilhotina.

Hoje tenho raiva da gramática. Eu mudo, tu mudas, ele muda, nós mudamos, mudamos, mudaamoos, mudaaamooos... Super usada, mal usada, abusada, ela é uma guilhotina dentro da escola. A gramática faz gato e sapato da língua materna - a língua que a criança aprendeu com seus pais e irmãos e colegas

- e se torna o terror dos alunos. Em vez de estimular e fazer crescer, comunicando, ela reprime e oprime, cobrando centenas de regrinhas estúpidas para aquela idade.

E os lúcios da vida, os milhares de lúcios da periferia e do interior, barrados nas salas de aula: "Não é assim que se diz, menino!" Como se o professor quisesse dizer: "Você está errado! Os seu s pais estão errados! Seus irmãos e amigos e vizinhos estão errados! A certa sou eu! Imite-me! Copie-me! Fale como eu ! Você não seja você! Renegue suas raízes! Diminua-se! Desfigure-se! Fique no seu lugar! Seja uma sombra!"

E siga desarmado para o matadouro.




- Literatura para adolescentes: uma questão de hábito, de acervo adequado da escola, ou de incentivo docente e familiar?


Penso que quando a leitura ganha o caráter de tarefa, de obrigação, acaba perdendo o encanto. Cabe à escola estimular o hábito da mesma, enriquecendo o acervo de letras e proporcionando um tempo específico para estimular o contato com os livros.

Crianças que adquirem o hábito de leitura geralmente o fazem por exemplo (influência) de pais ou professores.Quando o incentivo ocorre dentro de casa é muito difícil deixar o hábito de lado, mesmo depois de acabada a idade escolar.


Pais que presenteiam as crianças com livros ou assinaturas de histórias em quadrinhos, que levam os pequenos desde cedo às bibliotecas, aos locais onde se apresentam contadores de histórias, que estimulam seus filhos à confecção de carteirinhas e empréstimos de livros são um claro exemplo de pais que estimulam seus filhos ao hábito de leitura.


O GESTAR II como ferramenta básica no ensino da língua no cotidiano escolar proporciona ao professor e ao aluno, uma forma diferente de ensinar, aprender e aplicar os textos sociais nas linguagens oral e escrita.

“Já sonhamos juntos semeando as canções no vento, quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar. Já choramos muito, muitos se perderam no caminho, mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer SOL DE PRIMAVERA” (GUEDES,1980).




Vivemos um tempo de comunicação rápida, de profusão de imagens, de linguagem sintética, de novas formas de organização de mensagens verbais ou não verbais.

Essas transformações na comunicação exigem dos indivíduos, cada vez mais, o pleno domínio de diferentes linguagens.

Nos dias de hoje, interagir com diversas linguagens é não apenas condição de comunicabilidade, mas também condição de apropriação de conhecimentos. O domínio das formas de comunicação é condição para uma atuação autônoma e cidadã na sociedade.

O GESTAR II proporciona ao professor e ao aluno uma forma diferente de aplicação de textos sociais nas linguagens oral e escrita, pois é um estímulo a novas descobertas.sendo um programa inovador e dinâmico, proporciona momentos de reflexão entre a teoria e prática cujo resultado são aulas dinâmicas e alegres.

Percebi uma mudança radical de postura na minha prática de sala de aula desde que conheci o GESTAR II.As aulas que preparo hoje são mais lúdicas e interativas.Os meus alunos agora sentem prazer em brincar com a língua, sentem necessidade de saltar para dentro do navio da aventura das palavras e navegar por prazer apenas para conhecer o sabor de um passeio fantástico pelo mundo dos textos.

Com o GESTAR II compreendi que o verdadeiro objetivo do trabalho com a Língua Portuguesa é a boa produção e compreensão dos textos. Assim, é a gramática que deve ser vir à compreensão do texto literário e facilitar sua produção.

Considero o GESTAR II uma âncora que me proporciona mergulhos seguros no texto e em sua lógica, pois é ele (GESTAR II) que me proporciona a segurança na leitura e oralidade dos alunos, transformando-os em cidadãos críticos, participativos, interessados e totalmente envolvidos no trabalho.

Enfim, o GESTAR II abriu portas para a criatividade, a fantasia, a alegria ao aliar teoria e prática de forma dinâmica e voltada para a realidade das novas escolas.

Finalizo com as palavras de Drummond:

“(...) O português são dois; o outro, mistério.”


PARTE III

LIVRO: A TROCA
Pra mim, livro é vida; desde muito pequena os livros me deram casa e comida. Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo; em pé fazia parede; deitado, fazia degrau de escada; inclinado, encostava num outro e fazia telhado. E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro pra brincar de morar em livro. De casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto olhar pras paredes). Primeiro, olhando desenhos; depois, decifrando palavras. Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça. Mas fui pegando intimidade com as palavras. E quanto mais íntimas a gente ficava, menos eu ia me lembrando de consertar o telhado ou de construir novas casas. Só por causa de uma razão: o livro agora alimentava a minha imaginação. Todo dia a minha imaginação comia, comia e comia; e de barriga assim cheia me levava prá morar no mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, arranha-céu, era só escolher e pronto, o livro me dava. Foi assim que, devagarinho, me habituei com essa troca tão gostosa que - no meu jeito de ver as coisas - é a troca da própria vida; quanto mais eu buscava no livro, mais ele me dava. Mas como a gente tem mania de sempre querer mais, eu cismei de um dia alargar a troca: comecei a fabricar tijolo pra - em algum lugar - uma criança juntar com outros e levatar a casa onde ela vai morar.

Lygia Bojunga Nunes



Sugestão de leitura para o sexto ano:




1. Pluft, o fantasminha – narrar o primeiro encontro entre Pluft e Maribel

2. O gato malhado e a andorinha sinhá – comentar sobre as histórias de amor impossíveis; ler o primeiro capítulo para a classe.

3. Felpo Filva – descrever personagens principais

4. O pequeno príncipe - relatar como o principezinho vivia

5.Admirável mundo louco – criar suspense em torno da impressão de seres que visitariam o planeta terra pela primeira vez .

6. Bisa Bia Bisa Bel – levar para a classe uma foto antiga de uma avó e dar asas á imaginação, pensando em como seria o reencontro de uma garota e sua bisavó.

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