domingo, 15 de novembro de 2009

OFICINA 9 – UNIDADES 17 E 18 – TP 5 – ESTILO, COERÊNCIA E COESÃO

PARTE I

Os textos que lemos e escrevemos são o resultado de um processo significativo que envolve relações lógicas, opções estilísticas e várias outras estratégias de construção de sentidos.
A língua portuguesa dispõe de muitos recursos estilísticos nos níveis fonético,léxico, sintático e discursivo que estão à disposição dos falantes e escritores para que comuniquem suas emoções e seus julgamentos nas diversas situações comunicativas das quais participam.
Em um ato de fala, o falante tem a sua disposição o material organizado, isto é, a língua, e sua própria expressão, ou seja, a linguagem. A língua não é uma criação individual, subjetiva, mas a linguagem permite um grau de liberdade que se manifesta no estilo, no idioleto, isto é, na língua de cada indivíduo, com o conjunto de marcas pessoais que constituem sua fala.
Estilística estuda a linguagem que se cria com os elementos da língua. Ela se interessa pelos usos lingüísticos correspondentes às diversas funções da linguagem na poesia e na estrutura do texto, além de determinar as peculiaridades da linguagem que resultam da afetividade e da experiência do falante em seu meio social.
Embora seja comum vincular as questões de estilo ao texto literário, é preciso não esquecer que elas estão presentes em todas as variedades lingüísticas e em todos os gêneros. É certo que exemplos de alguns fatos estilísticos são mais facilmente encontrados no texto literário, como a harmonia imitativa, que é peculiar ao texto poético. Mas o desejo de expressar-se vivamente e evidenciar a afetividade é inerente ao ser humano, portanto, os elementos lógicos da linguagem sempre serão catalisados pelo sentimento do falante.
É justamente pelo caráter humano e universal das manifestações estilísticas na linguagem que uma das definições de estilo mais citadas diz que “o estilo é o homem.”
A coerência de um texto não está propriamente no texto, ou na simples organização lingüística: é uma qualidade que se constrói na leitura e interpretação dos textos, sejam eles verbais ou não verbais.A multiplicidade de experiências de mundo serve de base para compor o “quebra- cabeças” em que se constitui o texto. Quanto maior for a informação do leitor a respeito do tema, maior sua prontidão para interpretar a continuidade de sentidos, a coerência textual.
A harmonia entre as informações que servem de pistas para estabelecer essa continuidade constitui a coerência textual. Portanto, diferentes leitores, com diferentes informações prévias, com diferentes visões de mundo, podem atribuir níveis de coerência diferentes ao mesmo texto.
O conhecimento de mundo do leitor se articula com o contexto lingüístico para identificar como as informações do texto se organizam em função de fatores diversos e recorrem a modos diversificados de organização textual. Portanto, a coerência textual tem a ver com a “boa” formação de um texto, ou seja, com a possibilidade de articular as informações trazidas pelo texto com o conhecimento que os interlocutores já têm da situação e do assunto. Se essa articulação for muito difícil ou mesmo impossível, a coerência fica prejudicada ou não se estabelece.
No nível dos elementos lingüísticos, a coerência textual também depende da cooperação do leitor para estabelecer a solidariedade significativa entre as partes de um texto. Muitos subentendidos precisam ser “completados”, muitos “fios condutores” dos raciocínios precisam ser identificados.
A partir de conhecimentos e experiências prévias também vão os elementos lingüísticos se organizando em continuidades de sentidos. Esses elementos funcionam como pistas para a construção de um mundo textual, no qual a coerência se apóia. O nível de habilidade para detectar e compreender essas pistas pode variar de leitor para leitor, de ouvinte para ouvinte; por isso, coerência não é uma questão de tudo ou nada, mas de gradação de possibilidades.
Com o domínio de habilidades de leitura desenvolve-se a consciência para as estratégias que utilizamos na apreensão dessas pistas textuais.
Nesse processo, torna-se importante o equilíbrio entre as informações que já são de conhecimento prévio do leitor e as informações novas que o texto pretende trazer.
Outro fator importante é a contextualização de informações, pois pela contextualização é possível perceber como as informações podem ser interpretadas na construção da coerência. Em suma, é pela coerência textual que se vê – e se faz – a diferença entre um mero amontoado de palavras e um texto.
A coesão textual é um mecanismo lingüístico que articula as informações de um texto, relacionando sentenças com o que veio antes e com o que virá depois, no propósito comunicativo de, conjuntamente, tecer o texto.A coesão é um conjunto de recursos lingüísticos que orientam a construção da continuidade de sentidos. Por isso, é fator de textualidade solidário à coerência.
Para que um texto faça sentido, alguns termos lingüísticos colaboram com as relações de coerência. Esses termos são encarregados de “orientar” os modos como as informações fornecidas no texto devem ser interpretadas, marcando a interdependência entre elas.
A coesão textual refere-se, assim, às relações de sentido que se estabelecem no interior do texto. Enquanto a coerência textual se constrói na relação entre o texto e seu contexto, a coesão se constrói na inter-relação entre as partes do texto, fazendo dele um todo significativo. Por isso, dizemos que o fenômeno da coesão textual é solidário ao da coerência.
Cada um dos elementos que marca essa continuidade é chamado de elo ou laço coesivo. O encadeamento desses elos constitui a cadeia coesiva.
Na falta de marcas explícitas, a própria ordenação das idéias pode ser um elemento de coesão; chama-se, então, coesão por justaposição

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